Comentário tardio e fundamental sobre o Prêmio Multishow 2006:

Bianca Jhordão e Marjorie Estiano em trajes de comissária de bordo.

Vontade de roteirizar uma série animada onde todos estão de dieta.

E aí? Gana ou grana?

Reunião do Vigilantes, eu e trinta mulheres, e a orientadora:

– A banana é maravilhosa, é tudo!

Uma senhora:

– Ai, eu amo banana!

– A banana alivia a TPM, melhora o humor… E vocês sabem qual é o bicho mais feliz da floresta?

Em uníssono:

– O macaco!

– Isso!… É feliz pela banana!

E eu quieto.

Eu odeio campanhas com analogia esportiva.

Principalmente futebol.

A gente começa a ver os 40 com alguma proximidade, torcendo pela evolução da ciência.

– De qual empresa é a camisa da Seleção?
– Você é eleitor ou acionista?

– Não pode mais showmício? E agora?
– Churrascomício, talvez. E ainda enche mais.

Rio de Janeiro e São Paulo, duas senhoras obesas: a Primeira, de biquíni; a Segunda com uma roupa larga, de grife.

O problema é o mesmo.

– Você tem de conhecê-la! Tudo a ver com você!

Morreu aí.

Para estragar o dia, basta um fio de cabelo na comida.

É uma pena que a carteira estudantil seja desconstruída pelas falsificações – às quais resisti – no flagrante exemplo da geração futura: o que esperar de quem já parte por fora?

Há que manter o foco, também, como nos descontos em livros ou eventos acadêmicos. Abrir o leque da meia-entrada só preserva a distorção mercantil, onde quaisquer eventos catapultam os valores em nome da massa discente. E nós, que ficamos no meio?

Assim reza a cartilha paternalista, pelo “exemplo que vem de cima”. No alto, o estrago já está feito. Não há integridade política para romper o arrimo estudantil, massa fresca e moldável para a pizza de todo dia.

– Você já tinha saído, quando eu liguei?
– Esperei cinqüenta minutos. Quando o telefone tocou, eu estava por perto, tomando um café antes de ir embora.
– E por que não atendeu, ou veio encontrar com a gente?
– Eu não quero premiar o seu atraso.

Assinalando o segundo mês sob dieta, o resultado não poderia ser melhor e mais sereno, diante de um percurso necessariamente longo. O metabolismo continua afiado, assim como a segurança para reviver e reagir a alguns daqueles sintomas já observados há dez anos:

• Compreender que, depois de muitos quilos em silêncio, serão justamente aqueles últimos gramas a desencadear a percepção alheia.

• Ignorar a patrulha alimentar não-solicitada, como também os conselhos óbvios.

• Desqualificar os comentários traiçoeiros – já na reta final –, a insistir pela interrupção do processo em nome de uma expectativa externa, irreal e prematura.

Apesar da promessa inicial de confidencialidade, trazer a público só fez melhorar.