27/03

Lembrei o porquê do afastamento das lojas de CDs. É a mesma razão pela qual regulo as passagens por livrarias. Escandalizo.

Seis CDs rompem o jejum traduzido em 24 GB de mp3, reequilibrando a balança e permitindo novas pesquisas nas revendas de outrora. Afinal, capa e encarte são fundamentais para este humilde audiófilo.

Por ordem:

Os Cobras – O LP (1963)
Milton Banana, Tenório Jr, Raulzinho, Zezinho e Hamilton Cruz gravaram essa suntuosa coletânea do samba-jazz com a participação de Paulo Moura e J.T. Meireles. Um prato chique, bem temperado, fundamental em qualquer prateleira.

Raulzinho – À vontade mesmo (1965)
O primeiro trabalho-solo de Raul de Souza, um dos melhores trombonistas que esse planeta presenciou. A companhia de César Mariano no piano, Clayber no baixo e Airto Moreira na bateria, reverbera o suíngue virtuoso e técnico como poucas vezes se viu. É gratificante ter acesso novamente a um talento aclamado por Cannonball Adderley, Jack DeJohnette, Sonny Rollins, George Duke, Toninho Orta, Lisa Ono, João Donato, Tom Jobim, Stanley Clarke, entre outros. Não é qualquer um que se torna um verbete da “Encyclopedia of Jazz in The Seventies”. Tome nota.

O Trio 3-D Convida (1965)
Durante a segunda fase da Bossa nova, a “febre dos trios” trouxe luz sobre uma geração de grandes instrumentistas que reinava no Beco das Garrafas. Com Antônio Adolfo não foi diferente. Seu belo piano encontrou respaldo na bateria de Nelson Serra, e no contrabaixo aveludado de Carlos Monjardim. O título entrega a participação luxuosa de feras como Raul de Souza, Maciel, Paulo Moura, Meirelles e Eumir Deodato.

Ed Motta – Entre e ouça (1992)
Antes que se completasse dez anos de uma busca particular, a Warner disponibilizou em CD o polêmico – e fantástico – disco do Eduardo. Boa música, experimentação dosada e consistente com o parceiro Bombom. Devidamente incrementada por bonus tracks ao vivo em Paris, a bolacha remasterizada preencheu uma lacuna importante em minha CDteca.

Raphael Rabello & Déo Rian (1996)
Ainda que não seja o mais conhecido registro do saudoso, o doce repertório acaricia as sensações do ambiente. “Deus está nos detalhes.”, bem dizia o famoso arquiteto. Raphael, o anjo, é a prova.

Ed Motta – Dwitza (2002)
Exaustivamente comentado, não requer novos elogios. Destaque para a gravação crua, sem recursos, como propriamente alerta o anfitrião no encarte: “Para manter a sonoridade natural e dinâmica dos instrumentos e vozes, no processo de gravação, mixagem e masterização deste álbum não foram utilizados sistemas de reverberação, equalização e compressão digitais. Portanto é recomendável que se aumente o volume do aparelho de som.” Coisa fina, rapaz.

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