Eram novos os sotaques subindo a vizinhança, e esse indÃcio off-broadway já sugeria a ocupação dos mais diferentes cantos, há poucas horas do show. O convite para um apartamento próximo ao palco poderia compensar o meu pequeno interesse pela banda, mas ainda restava chegar, encarar a concentração inédita e aflitiva nos últimos quarteirões, gerando aà um primeiro dos vários recordes mundiais daquela noite: o bolinar coletivo. Foi quando o meu celular, tadinho, tão novinho, se foi por alguma daquelas mãos não tão bobas.
Uma vez protegido pelo quarto andar, e sem maior interesse pelo palco, acabei fascinado pelo rock’n roll paisagÃstico: barcos engarrafados, dezenas de Towners-lanchonetes, isopores de cerveja em fila dupla e, naturalmente, as churrasqueiras, a essência nacional. Gente por sobre os banheiros quÃmicos – ao final, dormindo! – e pulando em cima de veÃculos, como a Kombi que teve o teto afundado. Vá explicar ao seguro…
Muito se especula sobre a energia da banda, principalmente o Mick. Se há um coquetel de raÃzes e quÃmicas, também acredito no sedenho, a existência de algum mecanismo para esfolar a genitália, como nos touros de rodeio. Quem não pularia por três horas?
Na saÃda, ainda de madrugada, os escombros materiais e humanos pelas ruas, todos juntos. E saindo de Copacabana, pelo canteiro central após o túnel, uma freiada imensa que nos fez virar e acompanhar um corpo ainda no ar, voando até cair inerte. O táxi, que vinha cheio e gananciosamente acelerado, destruiu a si mesmo e ao pobre folião. Deprimente.
Anyway, o saldo parece promissor. De um público dessa magnitude não se esperam menos problemas, pelo contrário. Um milhão de monges não fariam diferente. Seriam bem chatos, aliás.