6/06

Movida a grifes, bandas e eventos com bebida liberada, a patota mais nova dá no saco, é fato. Qual juventude não dá? Só não esqueçamos, nos dias atuais, dos trainees do Pasquim, contrapondo o mundo com pirraça, discurso de independência e desejo de envelhecimento – em barris.

Polos opostos, o resto você sabe.

– O que há demais numa apresentadora?
– É uma mulher olhando.

Ariano Suassuna e Christopher Lloyd.

5/06

Rupprecht Loeffler nos traz agora uma Stout adocicada, que não convence.

Terceira da Canoinhense, esta pilsen diz mais do estilo de seu fabricante, cuja produção, infelizmente, foge de meu paladar.

A Dana Bier começa a virar o jogo, aqui, numa turva e agradável experiência que, se não chega a emocionar, abre espaço para a curiosidade sobre outras produções do nobre João.

Uma abadia morena, suave.

Encorpada e turva, de aromas inspirados e pleno prazer.

O estado da arte.

Um dia eu arrisco vinagre para comparar com a Lambic. Minha segunda tentativa ainda é um desprazer – e um mistério, o de imaginar o consumo prazeroso.

Vida passada?

Vou de amarrotada.

4/06

– Eu tive um tio doido, oficialmente falando. Não sei se você sabe.
– Doido, tipo… psiquiátrico?
– Eu fui muitas vezes à Colônia Juliano Moreira durante a infância e a adolescência – para vi-si-tar.
– Hahahaha
– Imagino que, pela idade, ele tenha encarado alguns dos processos de tratamento mais medievais, comuníssimos. Há quem aposte em mediunidade ignorada, enfim.
– Eletrochoque etc?
– Não tenho detalhes. A cada visita eu era reapresentado, pois ele só lembrava dos mais velhos.
– Tadinho… sacanagem levar uma criança para ver isso, podia ficar impressionado.
– Eu curtia o passeio, só tinha vergonha de comentar no colégio, claro. Criança é a perversidade encarnada. Se na 5ª Série eu já era chamado de mongolóide por ficar com o casado esticado, escorando a cabeça, imagine se soubessem disso.
– Ah, ser chamado de mongolóide é básico. Bem-vindo ao clube. Eu perdi a conta dos meus apelidos lindos de infância.
– Na 7ª eu era chamado de comunista.
– Comunista? Haha por quê?
– Com o ambiente caseiro politizado, teimei em levar isso ao colégio, bancando o esquerdista, aquela coisa. Mas o apelido mais estranho foi “Peido”, que eu juro não ser por isso. Veio de uma menina mais nova, tosca, hoje em dia policial civil. De um ano anterior ao meu, do nada, ela passou a falar quando eu passava “Lá vem o Peido!”
– HAHAHAHAHAHAHA de onde essa criatura tirou isso… hahahahahahaha
– Aliás, lembrei de outro, pior, “Fezes Negras”.
– Por favor, pelo menos esse deve ter tido motivo. Ou então você estudava com um bando de doidos escatológicos.
– Não veio do colégio, mas da casa de uma amiga da minha irmã – onze anos mais velha –, enquanto eu brincava com alguns gatos, correndo de um lado para o outro. Em dado momento, aparecendo repentinamente para a roda que conversava num quarto, todo de preto e em frente ao banheiro, um dos presentes “Lá vem Fezes Negras, saindo das entranhas mais profundas do vaso sanitário!”
– Hahahahahahahahahahahahahaha imagino o quanto você adorava o apelido.
– Só não pegou de vez porque era um grupo mais velho, com o qual eu não tinha contato. Mas cheguei a ouvir um pouco.
– Bom, você pode ver os meus, que lindos: Orca vesga, Nicinha, Vovó Zilda (Família Dinossauro) e mais uns duzentos que meu cérebro fez o favor de apagar.
– Não tive muitos, até porque “Zé” já vem de fábrica.

Microcervejaria: não é todo dia que lhe oferecem uma de presente.

– Achei uma comunidade “Me chama de João Hélio”, com a descrição “Me arrasta no chão até o quarto!”
– A comunidade relacionada é “Eu vou pro inferno” ?

3/06

– Tem vista para o Cristo.
– Equilibra a atual.

Ps.: Como se não fosse uma visão comum.

© Cláudio Reston

Mais risotto de camarão, torta de maçã e muita conversa. Eis o Bistrô Reston.

Com a temperatura em queda, ganham as roupas e os olhos que acompanham essa troca da folhagem feminina: saltos, calças e jaquetas – e o pescoço. É um belo panorama.

Parte do bairro do Flamengo, pela conjunção de idosos, pedintes e imóveis, poderia ser chamada Little Copa.

2/06

Eu queria ser menos triste, mas não ao ponto de comprometer a criação.

É saudável que o necessário conhecimento não redunde em comparação constante, sob risco de mera referenciação distante da verdade.

Trocando em miúdos: o que de melhor se faz – onde for –, não resume a leitura local. Aquilo não é só isso.

1/06

Sempre que uma batida revela uniformes policiais, eu penso no meliante que dispensa o concurso.

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